7 de março de 2008

EIS O TEMPO DE CONVERSÃO

Não tenho muita experiência para sair dando conselhos, mas do pouco que eu vivi, uma das conclusões que cheguei é que todo mundo devia passar algum tempo no deserto. Por quê? Ora, porque o deserto é um lugar que não se pode fazer outra coisa senão refletir. E quando refletimos, estamos percebendo o que pode ser melhorado na nossa vida. Não por acaso, o deserto é biblicamente um lugar de conversão.
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No início da história do povo de Deus, Deus prometeu a Abraão uma nova terra, mas, com o passar dos anos, os descendentes de Abraão acabaram por ser escravos no Egito. Deus não esqueceu a sua aliança e chamou Moisés para tira o seu povo da escravidão do Egito. Prometeu a Moisés uma nova terra, sem escravidão. Deus não disse que este tempo duraria quarenta anos antes de chegar na terra prometida, e que neste tempo o povo daria a Moisés muita dor de cabeça. Moisés, depois de muito aprender com a caminhada, entendeu que a conversão é um processo de desconstrução e de reconstrução, e neste caminho passa-se por muitas crises, às vezes dá vontade de voltar para o Egito, onde a comida é garantida, ainda que sob o jugo do Faraó.
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Essa história nos ensina. Nem todo mundo muda com a mesma rapidez. É preciso ter calma com as pessoas, afinal, todo mundo tem o seu processo, nem todos tem a mesma força de vontade para mudar. Não adianta apressar. As verdadeiras lideranças sabem muito bem disso. Todavia, muitas vezes é necessário dar uma sacudida, uma desestruturada. Os psicólogos vivem fazendo isso como os pacientes, para que eles reconheçam suas limitações, e a partir disso, começarem a se ajudar. Mas antes de ser um juiz das atitudes alheias, devemos nos reconhecer como os primeiros que precisam de uma conversão, que precisam esquecer os valores aprendidos no Egito, para que possamos viver como pessoas livres.
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Hoje, o que nos prende à escravidão do Egito contemporâneo é, sem dúvida, o pecado do individualismo, do consumismo, da idolatria do prazer sem sentido e do desejo de poder sem serviço. Para sermos livres, precisamos esquecer dos valores aprendidos junto ao jugo do Faraó, e sobre eles, aprender a viver os novos valores como a solidariedade, a partilha, a justiça e o amor. A quaresma é o tempo de peregrinar pelo nosso deserto interior e rever nossos valores e nossa prática, à caminho da verdadeira liberdade. Eis o tempo favorável.
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Eliseu Lucas Alves de Oliveira, 5º semestre

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