7 de novembro de 2008

TCC: A COMUNIDADE DE COMUNICACÃO EM APEL E DUSSEL

Por que há tanta corrupção? Por que muita gente morre cotidianamente, vítima de assassinatos, de aborto ou mesmo de fome e desnutrição? A filosofia inicia com perguntas, e meu trabalho de conclusão de curso de filosofia nasceu destas perguntas, reunidas em dois eixos: por que há um descrédito moral e ético? O que a filosofia tem a dizer quanto aos pobres, aos excluídos, isto é, às vítimas da sociedade capitalista? Para refletir sobre estas perguntas, escrevi sobre um dialogo entre Karl-Otto Apel e Enrique Dussel, que intitulei de “A comunidade de comunicação em Apel e Dussel”.

De fato, há uma crise moral e ética. Não simplesmente porque pessoas deixaram de agir moral e eticamente, mas principalmente porque não há razão suficiente para agir moralmente (os especialistas chama de crise do fundamento da ética). A ciência usa o argumento que de fatos (é) não se pode passar a regras (dever ser), utilizado primeiramente por David Hume. A filosofia analítica da linguagem diz que as palavras ética, moral, liberdade, não tem significado. O marxismo historicista diz que a moral é relativa a cada cultura e contexto histórico.

Não convencido de que esta é uma palavra final, encontre na Ética do Discurso de Karl-Otto Apel uma tentativa de superação e fundamentação da ética. Apel cria o argumento pragmático-transcendental. Este argumento é o seguinte: se eu nego uma verdade, tenho que admitir que o que eu afirmo é uma verdade, caso contrário, entro em contradição. E se tento argumenta que há ou não há uma ética, devo assumir que argumento para alguém ou para um a comunidade (comunidade de comunicação), e preciso ser entendido; assim, devo me submeter às regras do discurso: inteligibilidade, sinceridade, verdade e adequação ao contexto. Nesta comunidade de comunicação, todos podem argumentar e a ética nascerá, (como Habermas também pensa), do melhor argumento.

Enrique Dussel, filósofo argentino, enxerga as limitações do filósofo alemão Karl-Otto Apel, quando este ignora o processo de colonialismo e neocolonialismo que sofreu a América Latina durante seus 500 anos, e que por isso a comunidade de comunicação que dita e sempre ditou a ética não é plural, como pensa Apel e Habermas, mas é hegemônica, pois quem dita as regras são os países do norte, a Europa e os Estados Unidos. A proposta de Dussel é uma Ética da Libertação, que coloca as “vítimas do sistema” (o pobre na sociedade de classes, a mulher na sociedade machista, o negro e o índio na sociedade racista, o jovem e a criança na sociedade patriarcal) como fonte e origem da ética. A vítima, e não o sistema (ou a comunidade de comunicação hegemônica) quem deve ditar as regras.

Não penso que resolvi o problema, que Dussel está mais certo do que Apel, ou que vou explicar a realidade a partir da análise destes dois autores, mas me considerei inserido no debate atual da ética que é muito mais amplo do que aqui descrevi no meu trabalho de conclusão de curso.
Eliseu Oliveira, 6º semestre de filosofia pela PUCRS

SANTOS HOJE


Deus Pai nos escolheu em Cristo para sermos nele santos pelo amor... Mas como um cristão inserido num mercado altamente competitivo, tecnicista e consumista pode ser santo? Ou, como é que um cristão, trabalhando nas mais diversas áreas, pode incorporar em sua experiência espiritual o conceito bíblico de santidade?

Bento XVI em discurso no dia 08 de março de 2008 no Vaticano nos lembra: “A secularização, que se apresenta nas culturas como proposta do mundo e da humanidade sem referência à Transcendência, invade todo aspecto da vida cotidiana e desenvolve uma mentalidade na qual Deus está de fato ausente, em tudo ou em parte, da existência e da consciência humana”. Vê-se claramente que se vive certa decadência espiritual, ainda que esta seja caracterizada por um inconstante espiritualismo (religiosidade sem compromisso com o próximo). E faz-se necessário a recordação dos valores fundamentais cristãos como o amor e a busca pela santidade, à luz da santidade de Deus (cf. Mt 5,48).

Como discípulos missionários, configurados a imagem do Mestre, tendo os corações enraizados Nele, inseridos e realizando nossa missão no mundo, nos santificamos a medida que aprendemos e praticamos as bem-aventuranças do Reino, o estilo de vida do próprio Jesus. Estilo de vida este que, segundo os bispos em Aparecida, manifesta-se no seu amor filial ao Pai, sua compaixão entranhável frente à dor humana, sua proximidade aos pobres e aos pequenos, sua fidelidade à missão recebida, seu amor serviçal até a doação de sua vida (DA 139).

Por mais que vivamos uma “mudança de época” vale-nos este principio central do Mestre, que nos caracteriza enquanto cristãos, nos assemelha a Ele e nos santifica Nele: ”Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15,12).

Douglas Carré, 2º semestre de filosofia pela PUCRS

A ARMADURA DA SANTIDADE

A fragilidade e a vulnerabilidade da criatura humana são tais que tornam necessárias uma armadura, para quem queira empenhar-se na luta contra o inimigo de Deus e o adversário do Evangelho.

Segundo a Carta de Paulo aos Efésios ( Ef 6, 10-20), o verdadeiro soldado de Cristo deve vestir a armadura de Deus e fortalecer-se no espírito através da oração. Os elementos que compõe esta armadura são:

1º O Cinturão da Verdade, que cinge no combatente uma veste apropriada ao combate, isto é a coerência total entre aquilo que é e aquilo que deixa transparecer. 2º A Couraça da Justiça, que pode ser definido como ação de Deus para salvar os pobres e humilhar os pecadores, bem como a participação no zelo de Cristo pela justiça do Pai, que nos protege e defende do inimigo. 3º Os Pés Calçados com o zelo e a prontidão de propagar o Evangelho da Paz, estando sempre de aberto ao diálogo e ao aprofundamento da vida evangélica. 4º O Escudo da Fé deve ser empunhado em todas as ocasiões a fim de defender-nos das flechas de fogo lançadas pelo inimigo, que procuram ferir-nos e roubar-nos os tesouros da fé. 5º O Capacete da Salvação significa aceitar a ação salvífica de Deus, como nossa única proteção e esperança, e ele nos protege a cabeça, que é a parte mais importante do corpo. 6º A Espada do Espírito que é a Palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante do que a espada de dois gumes, ela penetra até o ponto donde a alma e o espírito se encontram ...(Hb 4,12).

Apesar de todos esses elementos da armadura do guerreiro de Cristo que luta para conquistar a santidade, a prática constante da oração move, vivifica, afia e faz com que esta armadura trabalhe em perfeita sincronia nesta luta contra o mal. Pois a ORAÇÂO parte de Cristo como dom e é movido e guiado pelo Espírito Santo. Desta forma o guerreiro de Cristo terá as condições necessárias para alcançar o seu objetivo que é a santidade.

Valdecir Antônio Zöhler, 2º semestre de filosofia pela PUCRS

9 de outubro de 2008

AS CARACTERÍSTICAS DO DISCÍPULO MISSIONÁRIO


Um viajante caminhava por uma estrada. Em um determinado lugar do percurso, a estrada se dividia em vários outros caminhos possíveis. E agora, para onde ir? O viajante ficou pensando. Algum tempo depois, um velho se aproximou. O viajante perguntou-lhe: - como escolher o caminho certo? O velho respondeu: - aonde você quer chegar? Depois de um momento de silêncio, o velho continuou: - para quem não sabe aonde ir, qualquer caminho serve.


As pessoas vivem atrás de felicidade, da realização de seus desejos. A isso chamamos de sentido da vida. Porém, muitas delas procuram no lugar errado. Algumas pessoas colocam o sentido de sua vida em comprar, gastar, acumular, a fim de mostrar aos outros que são felizes, quando, de fato, não são.


O Discípulo Missionário é aquele que fez a mais valiosa experiência que o ser humano pode fazer: fez a experiência do verdadeiro sentido da vida. Na experiência do sentido, sabemos porque vivemos e porque morremos. O discípulo é capaz de dizer: “sei em quem coloquei minha esperança”. O motivo de viver do discípulo é servir a Cristo no anuncio da boa nova do Reino de Deus e no amor ao próximo. Não obstante, o discípulo sabe que, “ se morremos com Cristo, como ele ressuscitaremos.”


O Discípulo Missionário não perde a esperança, em um mundo desesperançado. Ama o próximo, em um mundo que estimula somente o amor a si mesmo. Propõe e constrói uma sociedade melhor, em um mundo que decreta o fim da história e a vitória do neoliberalismo. Espera a vida eterna, em um mundo que incentiva o “aproveitar aqui e agora”.


O Discípulo Missionário espalha a notícia que ele próprio experienciou: que o sentido da vida é o Cristo.

Eliseu Lucas Alves de Oliveira, 6º semestre