4 de julho de 2008

O Santo Padre Bento XVI

"Salve, Santo Padre, vivas tanto mais que Pedro!

Desça, qual mel do rochedo,

A bênção Paternal!"

2 de julho de 2008

RATZINGER, Joseph. Jesus de Nazaré. Primeira Parte: do Batismo no Jordão à Transfiguração.

Em Jesus de Nazaré, Joseph Ratzinger procura mostrar a figura central do cristianismo, Jesus de Nazaré, a partir de um ponto principal: o retrato do Jesus dos Evangelhos, tal como viveu sobre a terra, trazendo Deus ao homem, e a partir de Deus, a imagem correta do homem.

A imagem de Jesus, em Jesus de Nazaré é construída a partir da sua comunhão com o Pai, sem a qual nada se pode compreender a seu respeito. Um outro ponto de apoio do autor é a unidade da Escritura como um dado teológico: o Antigo e o Novo Testamento pertencem um ao outro e Jesus Cristo é a chave do conjunto que dá unidade, pressupondo uma decisão de fé que traz junto a si uma razão histórica.

Definindo sua obra não como um ato magisterial, mas fruto de sua busca pessoal pelo rosto do Senhor (Sl 27,8), o autor pede em seu prefácio um adiantamento de simpatia, para uma maior liberdade de compreensão da figura única de Jesus de Nazaré.

De forma introdutória, J.Ratzinger lança um primeiro olhar sobre o mistério de Jesus, traçando um paralelo entre Ele e Moisés. Em Jesus, cumpre-se a promessa do novo Moisés: Ele vive na mais íntima unidade com o Pai, não apenas como “amigo”, mas como “Filho”, e que por isso pode dar a conhecer o Pai (cf. Jo 1,18; Jo 14,9).

Os capítulos 1 e 2 tratam, em uma visão de conjunto, do batismo de Jesus no Jordão por João Batista e das tentações de Jesus, respectivamente. No batismo, João o apresenta como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, iluminando o mistério do batismo cristão a partir do seu caráter teológico a partir da cruz. A descida do Espírito Santo sobre Jesus, fruto imediato do batismo institui formalmente o seu ministério. A partir de então, Jesus está definitivamente subordinado à sua missão salvadora e é levado pelo mesmo Espírito ao deserto para ser tentado pelo demônio (Mt 4,1): é uma luta pela sua missão contra as deturpações desta missão: “A missão consiste em descer aos perigos do homem, porque só assim pode o homem caído ser levantado: Jesus (isso pertence ao cerne da sua missão) deve penetrar no drama da existência humana, atravessá-la até seu último fundo, para encontrar a ovelha perdida, coloca-la em seus ombros e leva-la para casa” (p. 40).

O capítulo 3 contempla o início do anúncio do Evangelho por parte de Jesus, e o centro deste anúncio é o Reino de Deus, que está “próximo” (Mc 1,14s). O autor explica o Reino em três dimensões a partir dos Padres da Igreja:

- dimensão cristológica: Jesus como o Reino de Deus em pessoa – “autobasiléia”;
- dimensão idealista ou mística: vê o Reino essencialmente na interioridade do homem;
- dimensão eclesiológica: que vê o Reino próximo à Igreja, mas colocados de um modo
distinto um em relação ao outro.

O tema do Reino de Deus só é compreendido a partir da totalidade da pregação de Jesus, que tem Deus como centro. Mas precisamente porque Jesus é o Filho, “toda a sua pregação é mensagem do seu próprio mistério, a cristologia, isto é, discurso acerca da presença de Deus na sua própria ação e no seu próprio ser” (p. 70).

No capítulo 4 - o Sermão da Montanha – vamos encontrar o conteúdo da pregação de Jesus desenvolvido em profundidade, e dividido em duas partes: as bem-aventuranças, e a Tora do Messias. Destaca-se a esta altura o comentário do autor a respeito da obra que trata do “diálogo” do rabino e crente judeu Neusner com Jesus (A Rabbi talks with Jesus. An Intermillenial interfaith exchang . Doubleday, 1993). No Sermão da Montanha, Jesus não está entre nós como rebelde ou liberal, mas como o intérprete e profeta da Tora, que a cumpre “na medida que indica à razão que atua historicamente o seu lugar de responsabilidade” (p. 120).

A Oração do Senhor, o Pai-Nosso, ocupa o capítulo 5 de Jesus de Nazaré, sendo apresentado como a verdadeira forma de rezar. No Pai-Nosso rezamos ao Pai a partir da comunhão com Jesus: com Cristo ao Pai pelo Espírito Santo (oração trinitária).

Os capítulos 6 e 7 ocupam-se de dois temas bíblicos importantes: os discípulos (cap. 6), e a mensagem das parábolas (cap. 7), dividido este em duas partes: essência e finalidade das parábolas e as três grandes parábolas de S.Lucas – a história do samaritano (Lc 10,25-37); a parábola dos dois irmãos (Lc 15,11-32); e a narração sobre o homem rico e o pobre Lázaro (Lc 16,19-31).

Em seu capítulo 8, J.Ratzinger volta nossa atenção para um olhar mais atento ao Evangelho de S. João. Nele, não ouvimos parábolas, mas grandes discursos simbólicos que vão traçando o caminho de Jesus até Jerusalém, em uma cristologia explícita e bastante desenvolvida, onde a divindade de Jesus aparece claramente. As quatro grandes imagens encontradas no quarto evangelho são trabalhadas teológica e liturgicamente, ligando esse caminho de Jesus com as grandes festas judaicas. Essas imagens sacramentais são: a água, a videira e o vinho, o pão e o pastor. Neste sentido, os próprios discursos de Jesus remetem para o “sacramento” (p. 208).

A confissão de Pedro e a Transfiguração de Jesus são os dois temas do capítulo 9, colocados como importantes balizas no caminho de Jesus e dos discípulos. É, de fato, aqui que Jesus põe a pergunta sobra a sua pessoa e a sua missão (Mc 8,27-30; Mt 16,13-20; Lc 9,18-21) e que, através da sua transfiguração “explica e aprofunda a confissão de Pedro e ao mesmo tempo faz sua ligação com a morte e a ressurreição de Jesus (Mc 9,2-13; Mt 17,1-3; Lc9,28-36)” (p. 247).

O último capítulo da obra (capítulo 10), trata das auto-afirmações de Jesus, das auto-designações de Jesus que encontramos nos Evangelhos: “o Filho do homem”, “Filho de Deus” e “Eu Sou”. São palavras em que Jesus simultaneamente oculta e desvenda o seu mistério, mostrando ao mesmo tempo seu enraizamento no Antigo Testamente e sua originalidade na qual aparece como de importância central a palavra “Filho”, que corresponde à aclamação “Abba-Pai” (p. 298).

Em Jesus de Nazaré, o autor nos coloca sobretudo em contato com o rosto bíblico de Jesus, para a partir dele, nos por a caminho no discipulado. Esse é o caminho da glória, mas que passa necessariamente pela cruz, convidando-nos a percorrer o caminho do conhecimento do Senhor em nossas vidas, a partir da figura central do homem Jesus, que a primeira comunidade soube acolher em toda a sua novidade própria, confessando-o Senhor e Cristo.

Pe. Magnus Camargo
Mestrando em Teologia – PUC/RS

Celebração e Recolhimento com Pe. Dinno



SÓCRATES: ENTRE O MITO E A RAZÃO

Este foi o tema que escolhi para o meu trabalho da disciplina de Seminário Ι. O que me motivou a escolher este tema?

A princípio foi porque se trata de um dos principais filósofos da Grécia Antiga, e um dos mais importantes ícones da tradição filosófica ocidental. Através de seu método hipotético dedutivo, que Sócrates utiliza para persuadir seus interlocutores, no diálogo platônico O Fédon, que é utilizado até os dias de hoje, e fundamenta-se em 3 princípios: A Hipótese, o qual toma-se um princípio como verdadeiro, e retira-se as conseqüências que dele discordam. A Argumentação, no a justificação de um princípio faz-se pela recondução a um mais elevado. E por fim a Conclusão, onde não se pode confundir os princípios com suas conseqüências, pois ao assumir as premissas como verdadeiras (as hipóteses), logo a conclusão que deriva delas, também deve ser verdadeiras.

Um dos principais objetivos dos filósofos gregos era desmistificar os deuses, procurando dar uma explicação racional aos fatos que ocorriam no mundo. O ponto de partida de suas reflexões filosóficas eram os sonhos, que segundo os gregos era revelação dos deuses e por ser revelação dos deuses, acabavam tornando-se mitos, o que de certa forma assustava as pessoas.

Sócrates ao procurar desmistificar os sonhos através de suas reflexões filosóficas utiliza-se deste método, para persuadir seus interlocutores a respeito de suas Idéias de Geração de Contrários, da Reminiscência, da Natureza da Alma, da Teoria da Participação, e do Mito do Julgamento e do Destino das Almas. Ao final do diálogo platônico do Fédon, Sócrates antes de beber a cicuta, não consegue através de seu método comprovar de forma clara e objetiva a seus interlocutores Símias e Cebes, suas idéias a respeito da Imortalidade da Alma. E como “bom filósofo”, recorre novamente aos mitos para explicar as suas idéias.

Diante desta situação indaguei-me:- Como a razão humana, representada na pessoa de Sócrates tem limites, e que ela mesma não consegue explicar-se de forma racional? Onde encontrar uma explicação para alguns fatos, se a razão humana é incapaz?

Diante destas perguntas, o caminho percorrido por Sócrates parece ter sido o mais correto, pois reconheceu a sua pequenez diante dos deuses, e esteve aberto para as suas revelações, os sonhos.

Para que nós estudantes de filosofia, também estejamos abertos à revelação de Deus em nosso meio universitário, e em nossa vida de seminário, para que possamos fazer não a nossa vontade, mas a vontade de Deus!

Valdecir A. Zöhler, 1º Ano

Ano Paulino

Nossos olhos se voltaram, no dia vinte e oito de junho, para a Basílica papal de São Paulo fora dos Muros em Roma, onde o Santo Padre Bento XVI abriu oficialmente o ano jubilar 2008-2009 em comemoração ao bimilenário ano do nascimento do Apóstolo das Nações, São Paulo.

Paulo nasceu em Tarso na região da Cicília, Ásia Menor, atual Turquia, provavelmente entre os anos 7 e 10 d.C. numa família judaica e foi criado dentro das exigências das tradições judaicas paternas (Gl 1, 14). Era um homem profundamente religioso, judeu praticante, irrepreensível na observância da Lei. Ideal este que o animou durante aproximadamente os primeiros 28 anos de sua vida.

De perseguidor dos cristãos tornou-se o seu maior evangelizador, após a queda no caminho de Damasco. Quando Aquele a quem perseguia o cercou com grande luz a ponto de o deixar cego (At 22,4-21). A conversão de Paulo para Cristo significou uma mudança radical na sua vida, mas não foi uma “troca de Deus”, Paulo continuou fiel a Deus e a seu povo tornando-se então apóstolo por vocação, não por auto candidatura ou encargo humano, mas por chamado divino.

Seu nome aparece como autor de 13 Cartas do Novo Testamento, escritas a diferentes comunidades, ao longo uns cinqüenta anos, a saber: Romanos, Gálatas, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Coríntios, Filipenses; Filémon; 1 e 2 Timóteo, Tito, Efésios, Colossenses.

Abrindo o Ano Paulino o Santo Padre motiva que se tenham iniciativas diversas de cunho litúrgico, cultural, ecumênico, pastoral e também social para a comemoração deste ano dedicado a este grande Apóstolo que “combatendo o bom combate, terminando a corrida e guardando a fé” (2 Tm 4,7) é motivo de alegria para a Igreja de Roma que segue seu exemplo e testemunho como anunciadora da Boa Nova.

Encerrando sua homilia na solene Celebração Eucarística de abertura deste ano jubilar o papa nos recorda e exorta: “Há um aspecto especial que deverá ser cuidado com particular atenção durante a celebração dos vários momentos do bimilenário Paulino: refiro-me à dimensão ecumênica. O Apóstolo das Nações, particularmente comprometido em levar a Boa Nova a todos os povos, prodigalizou-se totalmente pela unidade e pela concórdia de todos os cristãos. Queira ele guiar-nos e proteger-nos nesta celebração bimilenária, ajudando-nos a progredir na busca humilde e sincera da unidade plena de todos os membros do Corpo Místico de Cristo. Amém!”.

Douglas Carré, 1º Sem.

DICA DE LIVRO: IMAGENS E SÍMBOLOS: Ensaio sobre o simbolismo mágico religioso (Mircea Eliade)

Mircea Eliade é um pesquisador das religiões, e em muitas delas ele descobre elementos comuns, por exemplo: a imagem do centro como segurança; o culto é sempre o centro do mundo; o mito do paraíso perdido; o tempo como elemento a se superado pela eternidade; a água como simbolismo do novo nascimento, etc.

Mircea Eliade reflete o que poderia ser a causa deste fenômeno, e concordando com outros autores como Carl Gustav Jung e Paul Ricouer, encontra no símbolo e na imagem um arquetípo (inconsciente coletivo da humanidade) o ponto de aproximação das religiões. Para Eliade. “o pensamento simbólico faz parte do ser humano; é anterior à linguagem e à razão discursiva. A imagem, os símbolos, os mitos não são criações irresponsáveis do psiquismo mas correspondem a uma necessidade e preenchem a função de revelar as modalidades do ser. Estudá-los nos leva a conhecer o homem, o ‘unicamente homem’, isto é, aquele que ainda não compôs com as condições da história.”

A intenção de Mircea Eliade é descobrir uma estrutura simbólica da humanidade que configura o seu pensar religioso. Contudo, não quer transformar a religião em antropologia, mas explicitar os dados antropológicos da fé.

Eliseu Oliveira, 5º sem.

Pedro e Paulo com Coragem e Fé


Esta minissérie épica da televisão norte-americana traz à vida a existência precária do inicio do cristianismo. O novo movimento é cercado por uma violenta oposição e dois importantes líderes emergem, Pedro e Paulo, que lutam para manter a fé viva. Esta apresentação dramática acompanha os dois, juntos e separadamente, através de três importantes décadas da história da humanidade.

Pela primeira vez em DVD, a aguardada série épica que traz a igreja do Novo Testamento à vida. Esta produção distinta, estrelada por Anthony Hopkins e Robert Foxworth, captura a vitalidade, intensidade e humanidade de duas pessoas que foram incumbidas por Cristo com a maior responsabilidade da história, levar a religião para todo o mundo. Durante a sua jornada, eles enfrentaram uma violenta oposição e resistiram a incríveis torturas, e testemunharam a divina intervenção de Deus. Baseado nas Escrituras de e sobre Pedro e Paulo, nós vemos como eles foram guiados por uma visão celestial para um diferente tipo de mundo. Eles pagaram um preço terrível pela sua devoção, Pedro foi crucificado e Paulo decapitado, mas as suas contribuições transcenderam a crueldade dos inimigos para se tornarem pilares importantes da igreja Cristã e da civilização ocidental.
Vale a pena assistir!

Everton de Souza, 5º Sem.