2 de dezembro de 2006

Teologia da Libertação, Pastoral da Criança e sua Eclesiologia


O presente texto apresenta uma reflexão teológica da Teologia da Libertação, da Pastoral da Criança e sua Eclesiologia a partir de um estudo bibliográfico dos principais eixos da Teologia da Libertação, um estudo detalhado do texto de formação de líderes da Pastoral da Criança e uma análise de manifestações colhidas, através de um questionário, junto às líderes da Pastoral da Criança que atuam em bairros de Santo Ângelo. Ancora neste trabalho, um estudo particular e preciso que me fez questionar qual a Eclesiologia que subjaz do livro um do Guia do Líder da Pastoral da Criança.
Os principais eixos da Teologia da Libertação – reflexão esta que nasceu em chão letino-americano na década de sessenta a setenta – são o eixo cristológico, escatológico, eclesiológico e moral. A cristologia latino-amerericana é teologicamente relevante, pois revela os conteúdos do querigma cristológico. Esta reflexão apresenta Jesus Histórico preocupado com a vida de seu povo na busca de libertação. Ele está encarnado no mundo dos pobres e apresenta sinais do Reino de Deus. A luz de Cristo como obra divina na história da salvação, será sempre uma ação de promoção e libertação humana que precisa acontecer, pois, esta esperança primordial faz emergir a escatologia latino-americana. A salvação é comunhão da humanidade com Deus e da humanidade entre si. É algo que se dá, também, real e concretamente, desde agora na realidade humana, até sua plenitude na morte. A esperança é elemento constitutivo para viver plenamente em Deus.
A Teologia da Libertação, nascida nos anos sessenta e setenta, fundamenta a sua práxis numa Igreja chamada libertadora. O modelo de Igreja atende as perguntas e respostas dos necessitados e oprimidos da sociedade. Destaca-se o potencial evangelizador dentro da Igreja comprometida com a justiça e a vida. A reflexão teológico-moral fundamenta e explicita o compromisso cristão prático com a realidade chocante. É uma teologia da práxis, coerente com o axioma de transformação da realidade desigual para com uma sociedade mais humana e justa. Destaca-se o critério da necessidade de libertação, como missão de “salvar vidas” da miséria não olhando se pertence a ‘esta’ ou ‘aquela’ igreja.
A Pastoral da Criança é uma organização ecumênica, nascida na década de oitenta, que une fé e vida no acompanhamento de crianças, mães e gestantes necessitadas em todo o Brasil. Ela tem um apoio muito grande da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, já que nasceu como pastoral desta denominação. São vários líderes da Pastoral da Criança espalhados pelo Brasil. Não é diferente nos bairros de Santo Ângelo, onde as líderes entrevistadas revelam a vontade e a missão que estão assumindo para salvar vidas (orientação, nutrição, lazer, carinho), pois a estrutura social quase sempre domina e oprime.
A Eclesiologia apresentada no livro um da Pastoral da Criança, revela uma Igreja ecumênica, missionária, profética e ministerial que reflete a missão de Jesus Cristo Bom Pastor. A identidade desta Igreja congrega em seu projeto, a missão de Jesus no âmbito de libertação e salvação. Apresenta-se uma eclesiologia própria deste chão, que denuncia as injustiças e anuncia um mundo mais humano e possível.
Portanto, a Teologia da Libertação e a Pastoral de Criança, expressam uma Eclesiologia que ancora a prática libertadora das pessoas que são tornadas excluídas, oprimidas e marginalizadas. O critério da vida e “vida em abundância” é privilegiado na Teologia da Libertação e na Pastoral da Criança. Nas falas das líderes entrevistadas explicita uma promoção da dignidade humana para que a vida sempre possa acontecer. Este modelo de Igreja, que vai ao encontro dos necessitados, precisa ser valorizado.
Somamos forças para que um novo mundo seja pronunciado e proclamado. Assim, muitas fronteiras podem ser rompidas e muitas pontes podem acontecer entre as pessoas para que se faça a experiência do mistério de Deus.
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Diácono Marcio Laufer (Formando de Bacharel em Teologia URI-IMT, 2006)

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