8 de maio de 2008

O TRABALHO COMO DIMENSÃO DA CORPOREIDADE


Dos seres existentes (ser humano, plantas, animais, minerais, vírus e bactérias), somente a pessoa humana é capaz de questionar o seu modo de viver, podendo transformar o mundo por sua ação no mundo, ação essa que chamamos de trabalho.

A abelha não trabalha, o joão-de-barro não trabalha, a formiga não trabalha. Esses animais realizam uma atividade inerente a sua natureza. É inconcebível uma formiga que não construa o seu ninho, um joão-de-barro que não faça sua casa, uma abelha sem colméia. Sempre será assim. Esses animais não podem ser diferentes, não tem liberdade, não podem questionar o seu modo de viver ou aperfeiçoar sua ação no mundo. Só o ser humano trabalha, porque é capaz de criar e recriar o seu mundo, projetar, e assim suprir suas necessidades imediatas e futuras.

O ser humano não é somente seu corpo. É também psique (razão e emoção) e possui uma alma (que desperta sua sede de infinito, que faz com que nada no mundo possa satisfaze-lo plenamente).

A dimensão do corpo, da corporeidade, é o lugar onde se repõe as energias para que se possa pensar, emocionar-se e louvar o criador. Para nós cristãos, o corpo é um lugar sagrado, é templo do Espírito Santo. É condição salvífica (“porque tive fome e me destes de comer, sede e me destes de beber” Mt 25, 35).. Os gregos desprezavam o corpo (soma) porque acreditavam que era a prisão (sema) da alma (psiqué). Os judeus e cristão devolveram a dignidade ao corpo. O corpo tem importância porque será ressuscitado.

Somente o trabalho supre as necessidades corporais. O trabalho obtém o alimento para o corpo. Se alguém não produz o alimento, se alimentará de alguém que produziu, que trabalhou. Não podemos, contudo, reduzir o trabalho à produção de alimentos. O trabalho é, sobretudo, um serviço (uma diakonia), uma troca em que a vida em uma sociedade pode manter-se, cada qual exercendo uma função dentro das variadas atividades.

Sabemos que essa pretensa harmonia social não é uma realidade concreta. Há, hoje, muitas pessoas sem trabalho e sem poder cuidar de sua dimensão da corporeidade (tem fome, sede). Há salários injustos. Há pessoas que exploram o trabalho dos outros. Há pessoas trabalhando na ilegalidade.

Trabalhamos, recriamos o mundo constantemente, não nos acomodamos ao mundo porque somos seres inconclusos, em processo de construção, um projeto para o infinito. Trabalhar é realizar-se como ser humano e como ser social, é também possibilitar a vida humana.

Eliseu Oliveira, 5º Sem. Filosofia

Um comentário:

Anônimo disse...

TExto nao passou pela revisao Editorial!!!!!
Pe, Magnus!!!!