4 de abril de 2008

Realizamos algumas questões e entrevistamos dois colegas seminaristas e acadêmicos do curso de Filosofia, a cerca da disciplina Filosófica

Douglas Carré
Seminarista Diocesano e Acadêmico da PUC – Viamão, cursando o 1º Semestre de Filosofia.

Jornadas Filosóficas: Faremos agora umas perguntas ao Douglas. Algumas perguntas relacionadas à Filosofia. Primeira pergunta Douglas: o que é ser Filósofo? Você se considera um e por quê?

DOUGLAS: Diz-nos a própria palavra, filosofia, philos, philia, amizade, amigo, e sophia é a sabedoria, é o saber, ser amigo da filosofia. Então ser filósofo é ser esse amante, esse amigo, esse conhecedor da sabedoria. Ser esse verdadeiro amante. Vamos dizer assim, que tem uma grande estima, uma grande amizade pela sabedoria.

Seremos filósofos, a partir de quando também conseguimos nos espantar com aquilo que é simples. A partir do espanto nasce a filosofia. Às vezes, por trás de algo que é simples, não só às vezes, mas sempre, por trás de algo que é simples, nós também, nos espantando, conseguimos ver toda uma plenitude, todo um outro universo.

Se eu me considero filósofo? Acredito que sim, me considero filósofo, como todos os outros seres humanos que pensam e que conseguem, também, se espantar com o simples.

Jornadas Filosóficas: Por que a filosofia, que já era obrigatória há um tempo atrás, digamos assim, nos anos 50, foi substituída pelas ciências exatas? E por que você acha que ela está voltando, hoje?

DOUGLAS: A filosofia enquanto matéria, ela também provoca, provoca o refletir, ela provoca o questionar-se. Enquanto ela começa a questionar o povo, enquanto ela começa também a fazer com que as pessoas pensem na realidade em que vivem, ela pode se tornar uma grande inimiga do governo. Ela é substituída pelas ciências exatas, porque elas vão neste campo daquilo que realmente, como se diz, é exato - 1 mais 1 é 2, e só – Conseqüentemente a filosofia é substituída em vista disso, para não se induzir ao pensamento, porque seria prejudicial ao governo.

Tendo realmente essa filosofia sendo retirada do currículo, das escolas, dos institutos de formação ou das universidades, ela volta agora porque já se perdeu muito enquanto a filosofia estava fora. A filosofia volta, enquanto também promoção do próprio pensar.

Jornadas Filosóficas: É necessário ensinar a filosofia ou filosofar? Uma acontece sem a outra, a filosofia acontece sem o filosofar? Como?

DOUGLAS: A filosofia enquanto matéria, enquanto um estudo sobre essa filosofia. Penso que é necessário ensinar a filosofia, a matéria filosofia, e a partir dessa filosofia, também, dessa matéria, se ensinar a filosofar.
Como aconteceria isso? Você ensina a filosofar enquanto a filosofia te questiona e não dá a resposta.

Enquanto a filosofia te pergunta “o que é o homem?”, e não te responde como Aristóteles diz: “o ser humano é um animal racional”, e depois ele vem a dizer “o ser humano é um animal político”. A filosofia ensina a filosofar enquanto questiona e não dá a resposta. Ela faz com que você se debruce sobre algo, e também pense, reflita, analisa esse questionamento, essa pergunta.

Eu acredito que é possível você ensinar a filosofia e não a filosofar, por quê? Porque, enquanto você recebe perguntas prontas, respostas prontas, você entende aquilo que é pronto; você não foi questionado, você não foi provocado a buscar respostas. Então, isso é muito fácil. Você realmente consegue. Mas esse ensinar o filosofar sem a filosofia, e também, quem sabe, fica mais um pouco complicado, porque se você realmente questiona, se você realmente busca o conhecimento, se você pergunta ou se você vai a fundo, você tá chegando a essa matéria da filosofia.

Jornadas Filosóficas: Como explicar que um candidato ao sacerdócio, que é o nosso caso, precise fazer, antes, a cadeira de filosofia, ou a faculdade de filosofia?

DOUGLAS: Acredito que a Igreja coloca também como formação básica... A própria filosofia e teologia. A filosofia abre os horizontes. Ainda mais hoje em que vivemos num mundo globalizado. Em que o padre, se depara com várias realidades, com várias situações, com várias correntes de pensamento e é necessário também ele saber debruçar-se sobre isso, saber refletir.

Como a filosofia te abre horizontes, te concede mais conhecimentos, enquanto você também consegue ser um estudante de filosofia. E para trabalhar na sociedade atual, é necessário você ter mais sabedoria, você também saber se debruçar mais sobre os problemas, saber mais filosofar.
É de suma importância para o padre a filosofia.

Jornadas Filosóficas: Na tua compreensão, como a filosofia pode ajudar a solucionar os grandes problemas da humanidade, hoje?

DOUGLAS: Creio que a filosofia, vai muitas vezes à contramão do que a própria sociedade pensa. Vejo que a sociedade ou a humanidade, hoje, tem muitos problemas e a filosofia faz refletir sobre esses problemas. Traça o sentido da reflexão, do debruçar-se sobre, ela vem nesse caminho do ex-plicare, como dizia o latim, do explicar esses determinados problemas.

Penso que um dos grandes problemas da humanidade a ser enfrentado são a miséria e a fome que assola o globo terrestre, mais grave como o continente africano, com muitas regiões onde há muita pobreza. O próprio nordeste é muito castigado pelo clima característico. A miséria, a fome, a má distribuição de renda é um grande problema da humanidade que a filosofia vem a refletir para também solucionar isso.

Como a filosofia refletiria sobre essa questão? Enquanto se questiona as estruturas sociais, políticas, econômicas que nós temos na sociedade atual.



Everton de Souza
Seminarista Diocesano e Acadêmico, cursando o 5º semestre do Curso de Filosofia.

Jornadas Filosóficas: O que é ser filósofo? Você se considera um? E por quê?

EVERTON: Filósofo é aquele sujeito que está “conectado”, está “plugado” no mundo. Está sempre em volta do mundo. E se eu me considero um filósofo? Não porque, penso que, para ser filósofo, deve se ter uma teoria já escrita, um livro, enfim. Deve-se fazer a sua própria teoria. Considero-me como um estudante de filosofia, e não como um filósofo.

Jornadas Filosóficas: Por que a filosofia, que já era obrigatória nos anos 50, foi substituída pelas ciências exatas, isto é, teve mais carga horária de matemática, física. E por que a filosofia está voltando, hoje?

EVERTON: Então, sendo ciências exatas, como você já falou matemática e física, penso a filosofia, como ciência humana, aquela que vem ensinar o homem a pensar, ela volta hoje nesse contexto, para ensinar, já partir de nossas crianças lá na pré-escola a pensar pela sua cabeça, e não aquela teoria que vem de “cima”.

Jornadas Filosóficas: E dentro dessa pergunta também. Por que você acha que por muito tempo ela foi tirada do conteúdo das escolas?

EVERTON: Partindo de Piaget, que fala também nesse contexto, naquela época havia uma educação que não ensinava a pensar, por isso que ela foi tirada. Deu, então, importância ao que? Na matemática, na física, nas ciências exatas, que 5 mais 5 é 10. E a filosofia não, a filosofia ia além, era o medo que eles tinham. De construir uma sociedade construtivista.

Jornadas Filosóficas: É necessário ensinar a filosofia ou filosofar? Isto é, pode-se ensinar a filosofia sem filosofar? Como?

EVERTON: Acredito que não. Então, ensina a filosofia, mas também a teoria, como também os pensamentos dos filósofos, e a partir desses pensamentos você vai criar a sua própria teoria, o próprio pensamento. Uma completa a outra.

Jornadas Filosóficas: Como explicar que um candidato ao sacerdócio, que é o nosso caso, ele precisa fazer filosofia antes da teologia, para depois exercer o seu ministério?

EVERTON: O próprio Papa Bento XVI nos exorta a importância da filosofia para a formação seminarística, a fim de abrir a mente, para ser um sujeito que não é alienado, que consegue ver todos os ângulos, e para desenvolver uma razoável homilia.

Jornadas Filosóficas: Na tua compreensão, como a filosofia pode ajudar a solucionar os problemas da humanidade hoje. Você consegue citar algum problema que ela possa pensar?

EVERTON: A filosofia vai ajudar o ser humano a ver os problemas que a própria sociedade tem: a fome, o desemprego... e a partir dessa análise você tem que tentar libertar, tentar tirar essas pessoas desta situação ensinar as pessoas que muitas vezes não pensam pela sua própria cabeça, a ter um pensamento próprio.

Nenhum comentário: