7 de novembro de 2006

COMO A SOCIEDADE ATUAL VÊ A MORTE


A morte, no mundo de hoje, não espanta e comove mais como deveria. Todo o dia temos notícias de mortes. Na televisão a morte é a estrela, o convite às bilheterias do cinema. A morte é atrativo até para a diversão das crianças nos jogos virtuais de computador ou video-game. A morte tornou-se quase que banal, quando não é com um alguém próximo a nós. Estamos acostumados porque vivemos uma “cultura de morte”.
De fato, se o mundo não dá mais valor à morte, muito menos dá à vida. A vida humana não é valorizada. Podemos buscar alguma explicação na suposta “virada antropocêntrica”. Tinha-se a idéia de que a pessoa (antropo) estaria no centro (centrismo). Como pressuposto desta visão o ego cogito, o “eu penso” de Descartes (1596-1650). Com Descartes e Bacon (1558-1627), passando por Galileu (1564-1642), Newton (1642-1737), Einstein, (1879-1955), e muitos outros no ramo da ciência, o mundo desenvolveu sua técnica e sua tecnologia, mas o que se pretendeu como fim (pessoa) tornou-se meio. Ou seja, a ciência deveria objetivar a pessoa humana. Contudo, a pessoa humana não foi o centro. A técnica tomou tal autonomia que o centro passou a ser a própria produção, o mercado, o lucro.
Poderíamos perguntar: e o lucro não vai para a pessoa humana? Não. Uma pequena parcela não pode representar o todo, a pessoa humana. O bolo aumentou, mas não foi dividido. Hoje, com a idéia neoliberal que afasta o Estado e dá pleno poder ao mercado, podemos dizer que vivemos na era do “mercadocentrismo”. Todo este contexto gerou uma “cultura de morte”. Para a moral pregada pelo neoliberalismo, é normal, é aceitável que há gente que morre de fome ou que não tenha vida digna, pois o “darwinismo social” pregado é que os mais fortes comandam o “Senhor Mercado”, enquanto os mais fracos devam morrer, “vítimas de sua própria fraqueza”.
A ciência, no meio de toda essa ideologia da morte camuflada de suposta liberdade, onde a liberdade é apenas para o mercado, não tem culpa. A culpa é do egoísmo de alguns grupos. E parece que estamos anestesiados, há um cansaço de ser bom, de lutar pela vida... e terminamos cooptando com a morte de nossos irmãos.
Eliseu Oliveira 2º semestre

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