6 de agosto de 2007

VOCAÇÃO: UMA PROVOCAÇÃO PARA O AMOR


A existência é um problema de primeira importância, pois se nada existisse seria mais fácil a nossa situação, pois não haveria com o que nos preocupar. Mas as coisas existem, nós existimos, o outro existe, e esse é o nosso problema: qual a razão da existência das coisas, dos outros e da nossa existência diante dos outros e das coisas?
No problema da existência, os gregos não conseguiram passar do determinismo. Para os gregos, existir era ser determinado. Se as coisas aconteciam, era porque deveriam ter acontecido. Na mitologia grega, tudo era “culpa do destino” ou “vontade dos deuses”. Com o advento do pensar racional, do “logos ordenador”, tentou-se compreender o fenômeno da existência, mas a existência continuou a ser uma determinação, tudo era guiado pela necessidade. Aristóteles diria que a ética (o bem viver) é deixar-se conduzir pela natureza, pois tudo convergia para uma finalidade intrínseca ao movimento da existência, exterior à vontade dos sujeitos (a necessidade).
O pensamento hebreu inovou ao acreditar na liberdade do ser humano. Para o pensamento hebreu, existir é escolher, é ser o sujeito da própria história. No pensamento hebreu surgiu o conceito de livre-arbítrio, pois Deus havia chamado o povo para ser o seu Povo, e ao não obedecer a esse chamado, o Povo se afastava dos desígnios de Deus, estava em pecado, sofria as conseqüências da própria escolha que o conduzia a infelicidade. Só reconhecendo o conceito de liberdade é possível entender o que é vocação, pois vocação é um chamado (do latim vocare), que pode ser aceito ou não. Todos os cristãos, ao serem batizados, receberam o chamado para serem missionários da boa nova do Reino de Deus, que começa a todo o momento, em que sempre é um momento de conversão, e se prolonga na eternidade. Mas como é condicionado a atos de liberdade, esse chamado nem sempre é acolhido, e temos muitos contra-testemunhos: que lugar Deus ocupa no coração de uma pessoa que é capaz de tudo para conquistar poder, prestígio e prazer a custa de outros?
Todo o chamado é “um chamado para”, é um chamado de Deus para que possamos servir aos nossos irmãos. A nossa existência se encontra com a existência de nossos irmãos, outros “eus” no meu mundo. Eus que exigem respeito e compromisso. É o mistério do outro que nos interpela: na mate, não mate: justiça social! (Lévinas). São outros, imagens do próprio Deus, que nos provocam para a justiça, para o amor.
Toda vocação é uma pro-vocação, (pro- diante de; vocação – chamado) de Deus, para que amemo-nos e servimo-nos uns aos outros, uma provocação a partir dos sinais dos tempos e do clamor do povo que sofre. É um ato de liberdade que quer nos conduzir à felicidade de fazermos parte do Projeto de Deus: a boa nova do Reino, a Civilização do Amor.

Eliseu Oliveira, 4º semestre

Dica de Filme: DAMIÃO, O SANTO DE MOLOKAI

Este filme tem como cenário o lindo arquipélago do Havaí, no pacífico Norte. Molokai é uma ilha, isolada do resto do arquipélago, que na época era destinada às pessoas que contraíam a lepra. Ali elas ficavam isoladas até à morte.
O filme narra a verdadeira e emocionante história de Padre Damião, jovem sacerdote Belga, que dedicou a sua vida aos leprosos na ilha de Molokai. Com fé e amor, Damião levou o conforto da religião aos necessitados, além da certeza de que a solidariedade e a compreensão são um terreno fértil onde germina o respeito à dignidade humana.
O Padre Damião nos mostra que o amor não conhece obstáculos ou fronteiras, mesmo em condições precárias com pessoas mutiladas e destruídas pela lepra. Vale a pena ver, é muito bom!

Everton M. de Souza, 4º semestre

Dica de Livro


Livro: EDUCAR VALORES E O VALOR DE EDUCAR – Parábolas. Paulus, 2003.
Autor : Antonio Pérez Esclarín


O autor busca iluminar os educadores, pais e demais pessoas que trabalham com grupos e palestras; o método que apresenta é o da parábola,
e depois de cada parábola faz um pequeno comentário pedagógico para facilitar sua utilização e seu melhor aproveitamento. É um livro que precisa ser lido com tempo, refletido, recriado e saboreado calmamente.

Pe. Marcos R. Denardi